Fixar os juros no curto prazo dá prestações da casa mais baratas e estáveis. Incerteza poderá reforçar renegociações. Fonte: Idealista News

Hoje, a maioria das famílias que contrata a crédito habitação em Portugal recorre às taxas mistas, não só porque estão mais baratas, mas também porque oferecem estabilidade no curto prazo. O que se tem sentido no mercado é que as famílias estão mais ativas na gestão dos seus empréstimos da casa, renegociando os créditos recorrendo à taxa mista.
“Atendendo às atuais ofertas no mercado, a decisão por taxa mista significa conseguir uma estabilidade mais barata que a instabilidade”, começa por explicar Miguel Cabrita, responsável pelo idealista/crédito habitação em Portugal. Os dados mais recentes do Banco de Portugal (BdP) revelam isso mesmo: a taxa de juro média nas novas operações de crédito habitação a taxa mista foi de 2,95% em fevereiro, mantendo-se mais baixa do que os juros médios a taxa variável (3,45%) e a taxa fixa (3,60%) – embora com um diferencial cada vez menor.
“Atualmente, as taxas mistas ainda permitem aos clientes antecipar uma redução dos indexantes, além de permitirem usufruir de uma estabilidade nos primeiros anos dos créditos, uma vez que não se está exposto à volatilidade dos mercados”, refere ainda Miguel Cabrita. É precisamente por isso que 7 em cada 10 novos créditos habitação são contratados a taxa mista.
Taxas de juro no crédito habitação
O que também se tem sentido no mercado hipotecário é que as famílias estão mais atentas à evolução dos juros e disponíveis para renegociar o crédito habitação, procurando estabilidade nas prestações da casa nem que seja por dois ou três anos. Ou seja, há um número crescente de renegociações regulares do crédito habitação, ora passando de taxas variáveis para taxas mistas, ora voltando a fixar os juros na altura em que estava prevista a passagem para o período variável (e indexado à Euribor).
“As renegociações passaram a ser uma prática recorrente (…) optando por manter alguma estabilidade através da taxa mista”, comenta Tiago Vilaça, presidente da Associação Nacional dos Intermediários de Crédito Autorizados (ANICA), citado pelo Público. E, perante a alta concorrência, os bancos também estão hoje mais abertos renegociar os contratos de crédito habitação em vigor de forma a reter clientes.
Nos últimos meses, os montantes mensais de renegociações de crédito habitação têm rondado os 500 milhões de euros. E este valor poderá aumentar, uma vez que “a instabilidade geopolítica reforça a procura por soluções que ofereçam previsibilidade no curto prazo”, defende o presidente da ANICA, citado pelo mesmo jornal.
“Tendencialmente, quando se esbater a descida dos juros, as taxas mistas deixarão de ser financeiramente vantajosas no curto prazo face à variável, mas sim assumirão o seu papel de segurança para as famílias que não pretendam estar expostas ao mercado”, considera o responsável pelo idealista/créditohabitação em Portugal. Recorde-se que as taxas Euribor têm pouca margem para descer até ao fim do ano, rondando os 2%, dando menos impulso à redução das taxas mistas.